A comunidade muçulmana esteve presente, representantes de religiões de matriz africana e da Igreja Anglicana. Os líderes ressaltaram a importância do diálogo, da oração e da fraternidade entre os povos
Coordenado pela Diocese de Foz, em parceria com o Movimento dos Focolares, o evento inter-religioso, Construindo a Paz, aconteceu no sábado, 11 de outubro, em Foz do Iguaçu. Respondendo ao apelo do Papa Leão XIV pela paz, diálogo, oração e fraternidade, igrejas, representantes de diferentes religiões e autoridades civis participaram. Entre os objetivos, propiciar a construção da paz, o respeito às diferenças como uma forma de combater os preconceitos, o conhecimento mútuo, a convivência e o fortalecimento da unidade na diversidade.
Dom Sérgio de Deus Borges, bispo da diocese de Foz do Iguaçu discursou e destacou a importância de investir em uma educação para a paz. “É fundamental nos tempos de hoje sermos edificadores de uma cultura da paz. Esta palavra marca as relações entre os povos, comunidades, comunidades religiosas e famílias. Precisamos fazer isto nos educando para a paz”.
Durante o debate foi sugerida a criação de um fórum permanente para o diálogo inter-religioso e tornar Foz do Iguaçu a “capital nacional da integração religiosa”. A proposta foi recebida com entusiasmo pelos presentes e destaca a região trinacional e seu papel na integração.
A comunidade árabe islâmica esteve representada através do Centro Cultural Beneficente Islâmico de Foz do Iguaçu e da Sociedade Beneficente Islâmica. “Não existe distância entre a paz e o Islam. A origem da palavra Islam vem de salam que significa paz. Agradeço por esta nobre iniciativa que nos reúne em torno do diálogo e da paz. É uma mensagem que parte desta cidade abençoada. Somos seres de um único Deus, criados diferentes para nos conhecermos e não nos confrontarmos, mas para nos completarmos, cooperarmos no bem e não na hostilidade. A paz é o coração da identidade do Islam”, ressalta o líder religioso da Mesquita de Foz, Oussama El Zahed.
“Este evento é muito simbólico e deve ter sua mensagem presente permanentemente na nossa vida. A palavra paz tem inspiração em três temas principais. A letra “P” significa pureza humana, ou seja, para carregar a paz é preciso não ter descriminação e ser imparcial. A segunda letra é “A” e significa amar aos outros como o senhor Jesus ensinou e o Profeta Muhammad falava da misericórdia para toda a humanidade. E a terceira letra a “Z” significa zerar o ódio, arrancamos o ódio do outro quando arrancamos de nós mesmos. Assim, devemos aprender a palavra paz”, destaca o líder religioso, Sheikh Muhammad Khalil.
O encontro contou também com representantes da Igreja Anglicana.
Focolares
O Movimento Focolare, também conhecido como Obra de Maria, é um movimento espiritual e social católico, fundado por Chiara Lubich na Itália em 1943. Seu objetivo é promover a unidade e a fraternidade universal, buscando a realização da unidade entre os povos através do diálogo. Ele congrega membros leigos e consagrados (famílias, jovens, sacerdotes, religiosos e bispos) e expandiu-se para mais de 180 países. Domingos Dirceu Franco faz parte do movimento. Missionário há 20 anos na região do Oriente Médio, ele ressalta o aprendizado na diversidade. “Para mim o fundamental para construir a paz é começar pelo nosso interior e depois ampliar para um contexto maior. Sem comparações, mas respeitar a diversidade. Sabemos que toda crença religiosa tem seu valor e muitas vezes existem informações erradas. Aprendi muito sendo missionário e me tornei um cristão um pouquinho melhor e mais aberto”.
Representando a AREMAFI – Associação Religiosa de Matriz Africana em Foz do Iguaçu, Marcos Antônio Pinheiro lembrou que o preconceito contra religiões de matrizes africanas é antigo e se manifesta como racismo religioso, resultando em discriminação, violência e marginalização cultural. “É preciso humanizar e respeitar o próximo. Deus é um só independente do credo, do idioma e da religião”.
No final do encontro, cada um dos participantes recebeu um dado inter-religioso da paz como presente.
Fonte: Assessoria.