Agosto é dedicado a intensificar a conscientização sobre os hábitos que interferem na saúde do pulmão; boa notícia é que parar de fumar representa redução promissora na mortalidade.
Agosto não é apenas mais um mês no calendário. É um tempo de mobilização pela vida. Iniciando com o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Pulmão (1º) e culminando com o Dia Nacional de Combate ao Fumo (29), este mês é um chamado à ação e à conscientização para mudanças de hábito, como parar de fumar, que pode resultar em uma redução significativa na mortalidade pela doença.
De acordo com o doutor Fábio Henrique de Araújo, especialista em Oncologia Cirúrgica e Clínica do CEONC Hospital do Câncer de Cascavel, fumar é o principal fator de risco para o câncer de pulmão, responsável por mais de 90% dos casos. “É raro encontrar casos de câncer de pulmão em não fumantes”, afirma. Além do uso direto do tabaco, a exposição ao fumo passivo e a produtos químicos tóxicos, como defensivos agrícolas e solventes, também contribuem para o risco.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) divulgou dados animadores recentemente sobre a redução da mortalidade. Estudos indicam que, entre 2026 e 2030, pode haver uma queda de 28% na mortalidade prematura por câncer de pulmão em homens no Brasil. “Esses dados refletem as mudanças de comportamento que já começam a fazer a diferença”, observa o doutor Fábio, para quem “escolher parar de fumar ou nunca começar pode literalmente salvar vidas”.
Mudança de percepção
Nas últimas décadas, a percepção sobre o cigarro mudou radicalmente. Muitos pacientes de meia-idade que enfrentam o câncer de pulmão hoje são frutos de uma época em que fumar era amplamente incentivado. O cigarro foi ‘glamourizado’ por anos e associado a um estilo de vida ativo e descolado. “O marketing do tabaco deixou um
legado preocupante”, pontua Fábio.
Embora as campanhas modernas tenham sido bem-sucedidas em reduzir o incentivo ao cigarro e restringir sua publicidade, o impacto do passado ainda persiste. “Os esforços atuais se concentram não apenas em prevenir novos casos, mas também em oferecer suporte àqueles que lutam contra a dependência”, acrescenta o especialista do CEONC.
Prevenção e rastreamento
Para aqueles que pararam de fumar há menos de dez anos, a tomografia anual de baixa dosagem é uma ferramenta essencial para a detecção precoce do câncer de pulmão. Esse exame ajuda a identificar o câncer em estágios iniciais e evitar tratamentos mais agressivos.
O trabalho do CEONC Hospital do Câncer de Cascavel, em parceria com vários municípios da região, tem sido fundamental na triagem e no tratamento precoce. A detecção de tumores em estágios iniciais permite intervenções menos invasivas, evitando tratamentos mais agressivos, como quimioterapia e radioterapia. “Graças a essa abordagem proativa, conseguimos oferecer melhores perspectivas de tratamento aos nossos pacientes”, afirma o doutor Fábio.
Fique alerta aos sinais
Apesar dos avanços, a maioria dos diagnósticos ainda ocorre em estágios avançados da doença. “Mais de 60% deles são feitos nos estágios 3 e 4, o que significa que frequentemente chegamos tarde para muitos pacientes”, lamenta o especialista do CEONC. A perda de peso inexplicada e a hemoptise – que é aquela tosse com catarro sanguinolento -, são sinais de alerta. “Esses sintomas não devem ser ignorados, pois podem favorecer um diagnóstico precoce e melhorar significativamente as chances de um tratamento eficaz”, aconselha.
Mudar é preciso
Além de parar de fumar, adotar um estilo de vida saudável é fundamental para reduzir o risco de câncer de pulmão. O uso de cigarro eletrônico e narguilé também representa um risco significativo devido aos produtos químicos que contêm.
A prática de atividade física regular e a redução do consumo de álcool são essenciais na prevenção da doença. “O câncer de pulmão é altamente evitável, mas é preciso que as pessoas tomem a decisão de mudar seus hábitos e procurar informações e exames preventivos”, conclui o doutor Fábio.
Fonte: Assessoria.