Do “apagão” ao restabelecimento total, foram 25 minutos e 25 segundos, atingindo a meta estabelecida. Exercício foi realizado no último domingo (6)
Neste domingo, 6 de agosto, a Itaipu Binacional, localizada na fronteira do Brasil com o Paraguai, simulou um “apagão” no setor de 60Hz a fim de comprovar a capacidade da usina de iniciar o processo de recomposição das unidades geradoras através de sua fonte própria de emergência.
O ensaio de reestabelecimento, conhecido como “black start”, foi realizado entre as 8h05min21s e as 8h30min46s, totalizando 25min25s de duração e atingindo a meta estabelecida de até 30 minutos para o exercício.
A atividade coordenada de forma conjunta entre as equipes de tempo real da Divisão de Operações da Usina e Subestações e a Divisão de Operação do Sistema, mobilizou vários empregados brasileiros e paraguaios, desde a fase de planejamento até a efetiva execução, sendo considerada um sucesso.
O “black start” é uma simulação do desligamento de unidades geradoras provocado por uma interrupção de energia parcial ou total no Sistema Interligado Nacional (SIN), e a consequente retomada da condição operativa das unidades geradoras, barramento e linha de transmissão.
As principais hidrelétricas do Brasil também passam por simulações como essa. Por ser uma empresa binacional, Itaipu não está submetida aos procedimentos de rede do Operador Nacional do Sistema (ONS) brasileiro e, portanto, não tem obrigatoriedade de realizar o ensaio, como as empresas coordenadas pelo Operador.
“Ainda assim, Itaipu faz os simulados em prol das boas práticas e pela sua importância para o sistema, prestando mais um importante serviço para os consumidores brasileiros e paraguaios”, explica o engenheiro eletricista Jhonatan Andrade dos Santos, da Divisão de Estudos Elétricos e Normas.
Os ensaios de autorrestabelecimento são feitos em Itaipu desde 2002, dos quais 19 foram no setor de 60Hz e dez no setor de 50Hz.
Como funciona
De acordo com Santos, para a partida de uma unidade geradora de qualquer hidrelétrica, uma fonte de energia inicial é necessária. “Em um desligamento completo da usina, não temos mais a energia das unidades geradoras para utilizar na partida, então precisamos de uma fonte externa, que não dependa do sistema elétrico”, explica.
Em Itaipu, ainda segundo o engenheiro eletricista, há quatro geradores diesel, dois no setor 60Hz e dois no setor 50Hz, para cumprir essa função. “O objetivo do ensaio de autorrestabelecimento é justamente testar a capacidade da usina em ‘ligar’ as unidades geradoras necessárias por meios próprios, ou seja, utilizando os geradores diesel como fonte de energia inicial para a partida da primeira unidade geradora”.
E complementa: “Com a primeira unidade geradora em funcionamento, podemos utilizar a energia dela como fonte de energia inicial para as demais unidades geradoras. Com o número adequado de unidades geradoras, podemos enviar a energia para Furnas, através de uma linha de transmissão. O ensaio em Itaipu termina neste ponto”.
Santos reforça: “Em uma ocorrência real, Furnas irá energizando suas subestações até São Paulo, quando as cargas serão conectadas, reestabelecendo o atendimento aos consumidores”.
Assim como Itaipu, diversas usinas no Brasil têm essa capacidade de autorrestabelecimento. Na ocorrência de um apagão real, diversas ilhas vão se formando de forma fluente, recompondo o sistema por etapas.
“Na ilha associada à Itaipu, nós somos a usina que inicia a recomposição, e conseguimos atender rapidamente cargas importantes na cidade de São Paulo após a ocorrência de um apagão”, finaliza o engenheiro.
Por que existem dois tipos de frequência, 50 e 60 Hz, na Itaipu?
Das 20 unidades geradoras, dez geram em 50 Hz, que é a frequência paraguaia, e dez em 60 Hz, frequência utilizada no Brasil. Existe uma estação conversora, em território brasileiro, para transformar em 60 Hz a energia gerada em 50 Hz que não é utilizada pelo Paraguai.
Assessoria