Com investimento de R$ 24,5 milhões, convênio Bio Favela vai atender 50 mil pessoas em 100 favelas do Estado.
A Itaipu Binacional e a Central Única das Favelas do Paraná (Cufa-PR), representada pelo Instituto Athus, celebraram nesta quarta-feira (7) o convênio Bio Favela, uma das maiores parcerias sociais da história das favelas do Estado. Durante a cerimônia, que aconteceu na Ópera de Arame, em Curitiba (PR), também foi apresentada a logomarca do programa.
Por meio do convênio, a Itaipu vai investir, ao longo de 36 meses, R$ 24,5 milhões em ações em 100 favelas do Estado do Paraná, sendo 60 em Curitiba e região metropolitana e outras 40 em cidades estratégicas, como Londrina, Maringá, Guarapuava, Francisco Beltrão e Paranaguá.
“Esse é um programa que atua em várias frentes, todas alinhadas à missão socioambiental da Itaipu”, explicou o diretor-geral brasileiro da usina, Enio Verri. “Queremos acabar com a invisibilidade das favelas. Dar condições para a população de aprimorar, profissionalizar e ter uma renda justa, uma vida digna e ascensão social.”
O cofundador da Cufa, Preto Zezé, viajou do Rio de Janeiro para participar da cerimônia, e acredita que o Bio Favela vá inspirar outras empresas e outros Estados. “A atitude de uma empresa influencia outras. A Itaipu é uma referência, é um modelo a seguir, tanto para o ambiente privado quanto o público. Esperamos que essa iniciativa possa inspirar outras empresas a também investirem em ações como essa”, pontuou.
“É energia redobrada, são duas grandes potências, Itaipu e Cufa, que se juntam para produzir políticas que vão reduzir desigualdades, vão incluir a juventude, as mulheres e, principalmente, apostar num ambiente de criação de negócios e qualificação”, afirmou Preto Zezé.
Para o empreendedor social, CEO da Favela Holding e fundador da Cufa, Celso Athayde, a questão do empreendedorismo é chave para a melhora da vida das populações das favelas. “Não é apenas uma forma de ganhar dinheiro; é uma forma de impactar a sociedade e reduzir as diferenças sociais a partir da geração de renda”, disse.
Favela não é carência, favela é potência
O Bio Favela vai atuar em diversas frentes. Uma delas é a criação de uma Escola de Negócios da Favela, por meio de uma plataforma digital, e a promoção de cursos de qualificação profissional para 6 mil jovens. A meta é também inclui inserir mais 2.100 jovens no mercado de trabalho como aprendizes, por meio de empresas parceiras do Programa Cria que se Cria.
O potencial é grande. O Brasil tem 423 favelas, que reúnem 17,9 milhões de habitantes. Se todas as favelas formassem um estado, teriam a 6ª maior massa de renda do Brasil, com os moradores movimentando R$ 202 bilhões em renda própria por ano, ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, segundo estudo realizado em março de 2023 pelo Instituto Locomotiva.
Entre essa população, ter emancipação econômica por meio do empreendedorismo é o segundo maior sonho, ficando atrás apenas da casa própria. A conclusão da pesquisa Favela Empreendedora, divulgada em dezembro de 2023, mostra a importância de iniciativas como o Bio Favela.
“A ideia, quando montei a Cufa, não era pedir nada para ninguém. Era subverter a lógica de que lucro é coisa ‘do asfalto’ e construir a nossa própria realidade. O que queremos é fazer parcerias, formando pessoas e desenvolvendo esse pensamento empreendedor na juventude e até mesmo nas pessoas mais velhas”, afirmou Celso Athayde.
“Projetos como esse permitem independência, para que as pessoas sejam protagonistas de suas histórias. Isso causa um impacto na sociedade e gera equilíbrio social”, continuou. “Um projeto como esse, que constrói conexões favela-asfalto, traz esperança e perspectiva.”
A proposta do Bio Favela é que as próprias comunidades desenvolvam as ações. Por isso a importância de ser uma parceria entre a Itaipu, financiadora, e a Cufa. “Não estamos indo fazer um trabalho na favela, nós já estamos lá. Não é como uma empresa, que vai embora às 17h, é nossa vida. Por isso, queremos que funcione”, garantiu Preto Zezé.
Poder das Mulheres
O Bio Favela tem nas mulheres um de seus focos principais. “As mães-solo são muito respeitadas na favela”, explica Athayde. “Delas, 35% são as chefes das residências, cuidam da família inteira, então empoderar essas mulheres é potencializar toda a sociedade.”
O empreendedorismo é uma alternativa viável para essas mães solo, diante das jornadas de trabalho longas e ausência de creches em tempo integral. Ao criar seus próprios negócios, essas mulheres podem ter mais controle sobre seus horários de trabalho e criar um ambiente mais flexível para cuidar de seus filhos. Além disso, o empreendedorismo oferece a oportunidade de gerar renda sustentável e contribuir para o desenvolvimento econômico de suas comunidades.
No entanto, iniciar um negócio próprio pode ser intimidador e requer habilidades, recursos e apoio adequados – e é aí que entram projetos como o Bio Favela.
Cultura e inclusão
O acesso democrático à informação e à cultura por meio de atividades educacionais, culturais, artísticas e de cidadania também fazem parte dos objetivos do convênio. A ideia é oferecer oficinas de arte e cultura para pelo menos 5 mil crianças e adolescentes das favelas contempladas.
Também serão promovidas ações de formação cidadã e imersão comunitária de pelo menos 800 lideranças de favelas, bem como encontros mensais de 5 mil mulheres para formação e discussão de temas relevantes e atuais no contexto das realidades e vivências pessoais de cada uma delas.
Será promovida a inclusão social através da prática esportiva e do lazer saudável de crianças, adolescentes e jovens das favelas, levando atividades esportivas semanais a pelo menos 5 mil crianças, adolescentes e jovens.
Por fim, a Itaipu vai apoiar o Natal da Cufa, um evento social que impactará mais de 50 mil pessoas. Durante todo o mês de dezembro, serão arrecadados alimentos e brinquedos para serem distribuídos nas 100 favelas atendidas por este convênio. Em algumas delas, o Papai Noel preto chegará de helicóptero, para fazer a alegria das crianças e manter o compromisso da instituição em colocar os pretos e moradores de favelas como protagonistas.
Fonte: Assessoria.